Re-batismos no
rio Jordão
Vez que outra as
pessoas me perguntam qual o posicionamento bíblico dos re-batismos feitos por
membros das igrejas no rio Jordão, no mar da Galileia ou em qualquer parte da
terra de Israel.
Na realidade, criou-se uma mística de que os peregrinos ao
serem re-batizados no rio Jordão são mais abençoados do que se forem batizados
num tanque de igreja ou num rio de nossa cidade.
Além de mergulham nas águas
batismais em lugar errado, pois que Jesus se batizou do outro lado da foz do
Jordão, onde hoje está o país da Jordânia.
Mas, este não é o caso.
Se for por
uma questão de mística somente este fator já desmistificaria e deixaria sem
encanto a prática do re-batismo.
1. O erro teológico começa
a partir da mistificação da terra de Israel como terra santa, e Jerusalém como
cidade sagrada.
Ora, aos olhos de Deus Israel é tão miserável e pecadora como
qualquer nação e Jerusalém tão corrupta como Sodoma e Gomorra.
Como Deus vê
Israel hoje?
Terra santa?
Como ele vê Jerusalém?
Cidade santa?
Não, isto é
misticismo dos cristãos que ao longo dos séculos veem Jerusalém como lugar
santo, ignorando que a verdadeira Jerusalém é a Igreja (Hb 12.22).
“Mas, tendes
chegado ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial...”.
Como Jesus se refere a
Jerusalém?
Como Sodoma e Egito: “Quando tiverem, então, concluído o testemunho
que devem dar, a besta que surge do abismo pelejará contra elas, e as vencerá,
e matará, e o seu cadáver ficará estirado na praça da grande cidade que,
espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi
crucificado” (Ap 11.7-8).
Que lugar é este?
Jerusalém!
Como Jesus a vê?
Não como cidade santa, mas como Sodoma e Egito!
A igreja,
sim, Jesus a vê como povo santo e cidade santa!
2. Os que tiveram a
oportunidade de visitar Jerusalém e andaram pelas ruas da cidade velha devem
ter visto árabes, judeus e cristãos ávidos por dinheiro em seus negócios.
Explorando
os “lugares” santo, vendendo vidrinhos de água do rio Jordão, areia de Israel,
óleo de oliveira, e os crentes compram essas coisas como amuletos; e usam como
elementos esotéricos em suas casas.
Ora, não é por ser
óleo, vinho, sal, água ou terra de Israel que é mais santo que esses elementos
comprados no boteco da esquina.
E caem nesta cilada muitos pastores, achando
que o óleo trazido de Israel é mais “santo” que os óleos comprados aqui.
3. Os que visitam os
lugares chamados “sagrados”, que de sagrados nada têm, precisam pagar para entrar
nas “igrejas”, nos locais “santos” etc.
Que lugares santos são estes que para
se ter acesso é preciso pagar?
Na realidade cristãos e judeus exploram a fé dos
peregrinos, da mesma maneira que os judeus eram explorados nos dias de Jesus
quando vinham de todas as cidades para prestar culto no templo em Jerusalém e
tinham que pagar o preço que os
cambistas estipulavam!
4. Os re-batismos no
rio Jordão são também uma fonte de lucro para líderes de caravanas de
peregrinos e para os judeus que ganham dinheiro explorando a mística e a fé dos
crentes que querem se re-batizar.
Agora vejamos a questão
do batismo como ele é apresentado nas Escrituras:
A Bíblia fala que “há
um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (Ef 4.5), o que implica afirmar que
Paulo não está falando de métodos de batismo, seja com pouca água, com muita
água; em piscina ou em água corrente.
Por que?
Porque o batismo é um testemunho
público de fé.
No batismo o crente está declarando ao mundo, ao diabo, às
forças espirituais, aos seus amigos e parentes, que renuncia ao mundo e seus
prazeres e que viverá unicamente para Cristo.
No ato do batismo
várias coisas acontecem:
1. Somos batizados no
corpo de Cristo, isto é, na sua morte: “Ou, porventura, ignorais que todos nós
que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?” (Rm 6.3-4;
Cl 2.12).
2. O batismo serve de
garantia de nossa ressurreição: “Porque, se fomos unidos com ele na semelhança
da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição”
(Rm 6.5).
A palavra “unidos” aqui no texto significa inserir ou ser enxertado
em Cristo, como se enxerta uma planta na outra fazendo que a seiva de uma corra
pelo tronco da outra.
3. O batismo fala de
uma nova vida (Rm 6.5).
3. Por implicação o
batismo insere o crente no corpo de Cristo, a igreja.
Esta é a herança
apostólica que perdura até os dias atuais.
Somos parte da igreja através do
batismo.
Tanto nós, pentecostais, que cremos no batismo em águas, quanto os que
creem no batismo por aspersão em adultos e até os que batizam crianças creem na
mesma verdade: Que a pessoa é inserida no corpo de Cristo pelo batismo.
Esses
últimos creem que, quando se chega a idade mais adulta o catecúmeno faz sua
profissão de fé para ser aceito na igreja.
Quando o autor, ao
abordar os fundamentos da fé fala aos hebreus sobre “ensino de batismos”, certamente
se refere ao batismo e suas multiplicas consequências, bem como o batismo no
Espírito Santo.
Vários comentaristas concordam entre si que se trata de um só
batismo com ritos diferentes, já que está conectado com a imposição de mãos.
Os
pagãos, primeiramente faziam confissão de pecados, recebiam imposição de mãos e
então eram batizados.
Por que o re-batismo
não é bíblico nem recomendável?
1. Porque, pelas
colocações acima o crente que se re-batiza está negando seu primeiro batismo,
afirmando que ele não foi eficaz.
2. Nega seu primeiro
batismo afirmando que ele só é válido se feito no rio Jordão em condições
especiais. Deixa implícita a ideia de que, por suas obras (porque teve
dinheiro) pôde se batizar no rio Jordão.
3. Nega a fé que
recebeu por herança do ensinamento apostólico nas Escrituras do Novo Testamento
e reconfirma a fé através de um diploma que recebe em Israel – que certamente
adornará a parede de sua casa ou escritório como testemunho de sua negação ao
primeiro batismo.
4. É a partir do
entendimento de que existe apenas um batismo que desde tempos antigos a
Assembleia de Deus aceitava as pessoas, como membros quando estas eram
batizadas nas águas nas igrejas Batistas, sem a necessidade de um novo batismo.
5. Os Mórmons e outras
seitas têm seu próprio ritual de batismo.
No caso dos mórmons o batismo só pode
ser feito em templos para tanto consagrados – são vários no Brasil – e nunca
nas igrejas dos bairros e das cidades.
Nos templos é que as pessoas se batizam
pelos mortos, e creem que por seu ato de batismo salvam seus ancestrais.
Biblicamente não existe base alguma para tal prática.
E muito mais pode ser
acrescentado.
Pr. João A de Souza
Pr. Daniel S Acioli