PRÁTICAS MUNDANAS NÃO DINAMIZAM A IGREJA
Replicando
Tenho visto e ouvido falar da introdução de práticas mundanas nos cultos como forma de diferenciação e inovação.
Práticas nunca antes imaginadas e acalentadas pelos cristãos entram pela porta da frente das igrejas e encontram abrigo na mentalidade infantil e distorcida de muitos líderes.
Vi um vídeo onde um grupo de capoeira se apresenta no meio de um culto e ali foram praticadas seus rituais e danças como se fosse em uma praça pública.
Tudo isso em nome do diferente e do inovador.
Perguntei-me o porque daquilo tudo.
Não consegui respostas minimamente razoáveis.
A prática de esporte nada conflita com o culto a Deus, mas introduzir isto em um culto no mínimo é anular o culto.
Esses acréscimos que em outros lugares de culto chegam a contar com lutas diversas antes do culto e etc. demonstram a falência da igreja gospel.
A verdadeira igreja não se submete a isso.
Ao nos convencermos que algo precisa mudar dentro da igreja e este algo não está claro para nós, tentamos de todas as formas apresentar alguma alternativa ao status quo reinante.
Essa mudança precisa vir de qualquer maneira, pois, existe a convicção ou sensação que algo está errado e precisa mudar.
Muitas vezes a mudança que tanto almejamos para a igreja deveria começar dentro de nós mesmos.
Normalmente o homem sempre vai transferir para outrem sua angústia existencial ou seu desassossego interior.
Ao invés de tomar a auto responsabilidade como padrão de vida e dar novos rumos à sua existência, vai achando culpados para suas crises pessoais, como fez Adão no paraíso quando Deus o interpelou e ele não tendo respostas jogou para Eva a responsabilidade da crise instalada.
Daí vivenciarmos coisas desagradáveis e inúteis em nome de Deus como se tudo fosse normal.
Um dos lemas posteriores da Reforma Protestante foi: “Ecclesia Reformata et Semper Reformanda Est” (Igreja Reformada Sempre se Reformando).
Verdade que precisamos desesperadamente resgatar e viver em nossos dias.
Para muitos reformar a igreja implica em afrouxar a teologia, desprezar a doutrina e introduzir novos elementos na liturgia.
Entendem que uma igreja que se reforma deve ser criativa, no sentido de ser bastante aberta nas questões doutrinária, metodológica e cúltica.
Tentam trazer vida para um sistema moribundo através de coreografias, misticismos exacerbados e comportamentos limítrofes com o paganismo, como se isso provocasse a reforma necessária.
O grande equívoco nesta forma de pensamento e comportamento é que quando esta máxima “Ecclesia Reformata et Semper Reformanda Est”, de autoria do reformador holandês Gisbertus Voetius (1589-1676) e já vivida por Lutero nos primórdios da Reforma em 1517, não tinha a intensão de inovar a maneira de ser, haja vista, os excessos de inovações introduzidos pela igreja romana ao longo dos séculos, culminando nas vendas de indulgências e relíquias, coisas que Lutero lutou para extirpar da igreja.
Na realidade Lutero percebeu que reformar não era inovar a sua teologia ou a sua liturgia, mas sim, restaurar e redescobrir aquilo que havia se perdido ao longo de mais de 1000 anos de história chamado erroneamente idade das trevas, quando a Bíblia já havia deixado de ser o fundamento doutrinário da igreja e prevaleciam as tradições resultantes das decisões dos concílios e interesses financeiros e políticos dos papas.
Logo, o resultado da Reforma Protestante no século XVI não foi um movimento inovador, mas restaurador, purificador, esterilizante, um retorno às origens, um retorno à Palavra de Deus, uma busca incessante pela simplicidade bíblica, que hoje em dia desapareceu de nosso meio.
Por vezes, o lema supracitado tem sido usado de maneira equivocada e totalmente desvirtuada.
Muitos o utilizam como pretexto para introduzir novidades, modismos e ideias politicamente corretas na igreja.
Aqui, volto a repetir, estar sempre se reformando não é sempre inovando ou buscando incessantemente criatividade.
Isso é próprio dos meios de comunicações que precisam diversificar constantemente para não perder seu publico.
Ao nos conformarmos com a mentalidade do mundo teremos como corolário um afrouxamento litúrgico, teológico e abriremos as portas para o mundanismo.
Estar sempre se reformando é buscar continuamente o retorno ao cristianismo bíblico e básico, reafirmando as doutrinas e práticas das Escrituras Sagradas.
Creio que esta busca alucinada pelo novo e inovador tem levado a igreja esquecer que seu poder dinamizador não está no desconstrutivismo litúrgico ou teológico, na introdução de praticas exóticas como meio de atrair ou descontrair uma plateia, mas na dinâmica do Espirito Santo.
Este Espirito dinamizador é que quebra a monotonia da religiosidade, expulsa o mundanismo da igreja e a enche de vida.
Esse Espirito que provoca ações e reações dignas de Deus e para louvor de Sua glória.
É esse Espírito Santo que abre as comportas interiores para fluírem os rios de águas vivas.
Sim, o lema “Ecclesia Reformata et Semper Reformanda Est” está vivo e pede passagem.
Ele clama por ser vivido pelo povo de Deus.
Desafia-nos a redescobrir e vivermos a simplicidade e pureza das Escrituras Sagradas no poder do Espírito.
Assim sendo, experimentaremos novidade vida.
Nossos cultos não serão monótonos.
Nossas orações serão arrebatadoras.
A pregação da Palavra será o centro de nossos cultos.
E no final de tudo Soli Deo Gloria.
Soli Deo Gloria
Pr. Luiz Fernando R. de Souza
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